
Obras: Suspiros poéticos e saudades (1836); A confederação dos tamoios (1857)
A Gonçalves de Magalhães coube a precedência cronológica na elaboração de versos românticos. Suspiros poéticos e saudades é a materialização lírica de algumas idéias do autor sobre o Romantismo, encarado como possibilidade de afirmação de uma literatura nacional, na medida em que destruía os artifícios neoclássicos e propunha a valorização da natureza, do índio e de uma religiosidade panteísta.
No entanto, faltava a Magalhães autêntica emoção poética para tornar efetivas suas teorias. Em sua obra ele afirma:
Meus versos são suspiros de minha alma
Sem outra lei que o interno sentimento.
Isto, porém, não encontra correspondência nela mesma. Os sentimentos são apresentados de uma maneira retórica, freqüentemente "despoetizados" por imagens de mau gosto:
Nas veias o sangue já não me galopa,
em sacros furores nos lábios me fervem;
A lira canora do cisne beócio,
deixei sobre a trípode.
* Canora: sonora
* Beócio: ignorante
Submetida à primeira e dura revisão crítica, com José de Alencar denunciando o artificialismo de sua composição, a obra de Magalhães começou a ser relegada a um plano secundário. Sob pseudônimo, o próprio Imperador sai em defesa de seu protegido, mas os argumentos de Alencar eram irrefutáveis. Restava-lhe a importância histórica, e esta era incontestável. O Romantismo fora introduzido por ele:
Triste sou como o salgueiro
Solitário junto ao lago
Suspirar, suspirar...Tal é o meu fado!
* Prolixidade: redundância, exagero verbal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário